segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

VLADIMIR HERZOG







                                       A Comissão da Verdade está chegando. A Folha de São Paulo entrevistou na edição de ontem, 5 de fevereiro, o fotógrafo da grotesca farsa do  "suicídio". O texto abaixo foi publicado em 2005, no Boletim da Associção Juízes para a Democracia, por ocasião dos 30 anos do assassinato de Vlado.





                                  Há 30 anos,
em 25 de outubro de 1975,  Vladimir
Herzog foi torturado até a morte em dependência do II Exército de São Paulo. O
repúdio ao assassinato iniciou a história do desafio aberto  à ditadura militar após o AI-5. Os atos de
coragem  que se seguiram fazem parte do
processo de luta pela civilização e contra a barbárie no nosso país: a recusa
do rabino Sobel à versão do suicídio, autorizando o sepultamento em cemitério
judeu consagrado; a audácia do Cardeal Arns; a presença silenciosa e resoluta
de 6 mil pessoas no ato ecumênico da Sé; a sentença do juiz Marcio José de
Moraes em 1978 declarando, sob a vigência do AI-5, a ilegalidade da prisão e
afirmando que o jornalista sofrera tortura. Jamais a história da liberdade de opinião,
de expressão e de organização política em nosso meio poderá ser escrita sem a
menção desses atos de coragem.


                                  Neste
marco dos 30 anos do assassinato de Herzog, 
homenageamos a sua trajetória 
digna de cidadão e de jornalista que fez de seu ofício um modo de lutar,
com palavras e imagens,  contra o
obscurantismo e   a barbárie que acabou
por vitimá-lo, e que ainda persiste na vida contemporânea. A violência ainda é  meio de ação política. Pratica-se ainda o
extermínio de seres humanos com a finalidade de 
impor as próprias convicções e interesses. Recusa-se ainda a liberdade
do outro de viver como um ser pleno, sem qualquer tutela. Em porões policiais,
tantos  dias são ainda 25 de outubro de
1975.


                                  A
lembrança da morte de Herzog torna-se, assim, 
a constatação de que tudo que conduziu a ela  faz parte do presente.  Deste sombrio presente que  brasileiros e cidadãos de boa vontade de todo
o mundo devem transformar, dando sentido 
às suas vidas por meio da  luta
contra a barbárie, pela esperança, pela paz e pela vida.


                                  Este
número do boletim da Associação Juízes para a Democracia é dedicado a Vlado,
judeu, militante da justiça social, 
jornalista e cidadão brasileiro.





        






                                 


                                   

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